Síndrome do Impostor
Síndrome do Impostor
por Milene C. Siqueira
Bom, a síndrome que não é um distúrbio, mas pode chegar a um distúrbio pela ansiedade gerada, é um ponto importante a ser observado de autocrítica. A característica principal é se sentir uma fraude, não merecedora. Como consequência gera medo/ansiedade, como se pudesse ser descoberta a qualquer momento. Pode gerar momentos de procrastinação — aliviando a sobrecarga dos pensamentos autocríticos, ou uma atividade maior para se provar eficaz no que faz, isso também inclui uma série de matrículas em cursos que nunca terminam, por exemplo.
Ela é mais identificada nas mulheres que nos homens — não se sabe se é um fato ou porque as mulheres procuram mais ajuda. Mas temos aqui também mais um recorte de gênero dentro do sistema capitalista-patriarcal. que por si só esse entendimento pode minimizar muito a síndrome (veja no site www.autocompaixao.com.br sobre o curso em áudio Autocompaixão como Antídoto Sistêmico se desejar entender mais sobre o que estou mencionando). Há também questões valorizadas no sistema atribuídos ao esforço, desempenho, moral e rigidez de opiniões, que afeta a todos.
O termo Síndrome do Impostor foi criado em 1978 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, e costuma estar mais atribuída às atividades profissionais, qualquer atividade, mas principalmente cargos de maior responsabilidade e ou influência como meio acadêmico, religioso, medicina, terapêutico, político, etc. No meu meio terapêutico não é atípico observar a síndrome pelos próprios terapeutas que lidam com muitas questões emocionais. E hoje em dia também com o aumento das atividades nas redes sociais, também se observa com mais frequência quando pessoas propagam coisas das quais elas mesmas se veem se autossabotando, por exemplo, alguém que fale de dieta ou vida saudável e está abrindo um pacote de salgadinhos. Claro, isso também depende de posturas mais radicais dos tais influenciadores…
Na verdade quanto maior se enfatiza uma polaridade, maior a chance de polarizar no outro extremo, e com isso aumentar seu efeito sombra…
Não somente as influenciers podem ser acometidas da síndrome, como a exposição de uma vida feliz que não se tem… ou ainda coisas bem mais simples, estudar, trabalhar ou estar num relacionamento em que você não se acha merecedora ou por dar ênfase sobre alguma falha passada. Culpas, cobranças…
Então… dentro da autocompaixão, já podemos entender sobre esse sistema que responsabiliza indivíduos, desviando a atenção do sistema para onde somos colocados, com suas regras e diferenças que cria, gerando insatisfação constante — compreender essas dificuldades da humanidade em comum.
Outro é entender que essa cobrança sobre um eu “perfeito” não chega a lugar nenhum… nosso eu é de erros e acertos…
Entender que temos partes que são bacanas e partes que “não são”… ou não tanto adaptáveis ao sistema como gostaríamos pelo menos…
Outro problema é quando entramos no lugar do massacre daquilo que em nós julgamos não perfeito… essa sombra ou lugar de vítima pode ter um foco maior que nossa luz, exaurindo nossa energia. A autocompaixão vai entrar aqui dizendo primeiro sim para aquilo que é, reconhecendo e acolhendo, ao invés de querer se livrar daquelas partes em você que você não gosta…
Autocompaixão é um recurso muito importante para lidar com muitos aspectos destrutivos em nós, incluindo a síndrome do impostor.
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